Quem são essas mulheres:

segunda-feira, 13 de setembro de 2010


Oi meninas.
Sei que muitos meninos também acompanham o blog, mas hoje vou falar mais com elas.
Já faz um tempo que estou com vontade de falar do perfil atual da mulher no mercado de trabalho. Nós que muitas vezes sabemos muito bem o que queremos, mas por vezes nos vemos em um imenso conflito, sem saber quem somos e para onde ir. Não temos um modelo a seguir pois nossa geração é uma geração nova.]Os últimos 20 anos da humanidade foram sem dúvida de maio evolução que muitos séculos antes disso, não deixando nenhuma regra prescrita para seguirmos. Portanto, resta-nos saber se estamos aprendendo na prática para deixar algum ensinamento para o futuro, ou se já aprendemos o suficiente com o passado e agora já estamos ensinando. *em tempo real e online.

Pesquisando na internet achei uma pesquisa que revela - nada novo - um pouco do perfil da chamada "mulher moderna". Achei muito interessante porque tem a ver com o que queremos tratar aqui no blog, a garota de negócios que existe dentro de cada mulher moderna. Vou tirar uma parte da pesquisa que são dados técnicos, e focar no mais importante, as características e conclusões.

Aí vai:
>> De Amélia a Pagu – A Evolução do Papel da Mulher na Propaganda
Autores: Silvia Quintanilha                                       Raul França Filho
silvia.quintanilha@br.millwardbrown.com              raul.franca@br.millwardbrown.com

Mário Lago foi profético na letra da canção Amélia, quando disse “... nunca vi fazer tanta exigência, nem fazer o que você me faz; ai meu Deus que saudade da Amélia, aquilo sim é que era mulher!” Ele antecipava, então, o desencontro de papéis por que passam hoje homens e mulheres; uns por que perderam o bastão de chefes incontestes do lar e elas, transformadas em Pagus “indignadas num palanque”, como na composição de Rita Lee, se vêem acumulando funções e responsabilidades dentro e fora de casa.


As mulheres foram à luta nos anos 60 e 70 e obtiveram uma série de conquistas; “conquistaram seu espaço”, como se diz no jargão feminista já gasto, ocupam cargos importantes em importantes empresas e na esfera governamental, além de serem responsáveis pela manutenção de 25% dos domicílios na região Sudeste, segundo dados recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, encarregado de realizar o Censo Demográfico nacional).

As mulheres hoje representam metade da população brasileira e têm visto crescer sua participação não só no mercado de trabalho, como no comando de grandes empresas, na administração pública e na chefia da família – principalmente nas regiões mais desenvolvidas do país.

Além disso, são direta ou indiretamente responsáveis pela compra de grande parte dos bens duráveis, serviços e produtos de consumo do mercado nacional. Daí a importância cada vez maior das mulheres para a propaganda, tanto como consumidoras, quanto como personagens vitais na cadeia produtiva da economia brasileira.

Mas e os homens no meio disso tudo, como ficaram? Aqueles indivíduos que cresceram em famílias constituídas sob valores anteriores aos movimentos de liberalização dos costumes, com um pai que dava as ordens e a mãe dona-de-casa, tiveram que mal adaptar-se a companheiras que também chegam em casa cansadas depois de um dia de trabalho, trânsito e conduções lotadas. Quem, nesses termos, provê a casa de mantimentos e garante a alimentação de todos? Os homens a contragosto passaram a dividir tarefas e freqüentar recantos domésticos antes reservados apenas às mulheres.

No entanto, as mulheres estão muito longe de estarem satisfeitas. Elas mostram-se, sim, senhoras do que conquistaram, mas ainda há queixas de contrapartidas e dificuldades de adaptação. “Os homens são eternas crianças. Cultivam a vida inteira um humor adolescente. Não têm a menor sacação de si próprios (...) são capazes de esquecer a hora, o jantar, a mulher e a família com a maior displicência.” Constata a jornalista Silvia Campolim na introdução de seu livro com o psicanalista Luiz Tenório O. Lima (Enquanto as mulheres mandam, os homens fazem o que têm vontade – São Paulo: Globo, 1998.) mas admite mais adiante que “... achei melhor rever algumas de minhas expectativas femininas e, por que não dizer, feministas. Afinal, os homens não tinham os mesmos hormônios (...) e a sociedade há tempos vinha fazendo a sua parte para aliviar nosso fardo (...). Por que continuávamos insistindo, pois, em gerenciar com mão de ferro a espécie?”


E foi assim que encontramos nossas consumidoras no estudo que realizamos. Satisfeitas com suas conquistas, tendo em vista a injusta falta de liberdade e direitos que as mulheres viviam mais intensamente na primeira metade do século XX, mas sentindo-se agora injustiçadas com a sobreposição de papéis – o famoso “turno triplo”.

As mulheres sabem que se desdobram mais do que os homens o fizeram diante das circunstâncias da vida contemporânea, para cumprirem satisfatoriamente o papel adicional de profissionais, além de esposas e mães. Ainda não existe a situação ideal, uma vez que o equilíbrio não foi encontrado, mas mesmo assim, não raras vezes, elas estão conformadas com o que conseguem de cooperação dentro de casa, de homens que tentam superar suas limitações.

A mulher de fato mudou. Na literatura, na música popular e na vida deixou de ser coadjuvante e passou a protagonista de seu próprio destino. <<<


PARTE 2:
Quem são essas mulheres?


Mexo, remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira
Sabe o que é ser carvão (Pagu – Rita Lee / Zélia Duncan)


A etapa qualitativa deste trabalho encontrou mulheres consolidadas na condição de sobrecarga referida no início deste trabalho. Mulheres que não hesitam em afirmar que sexo frágil são os homens, que não suportariam metade do fardo a que elas são e foram submetidas na vida: quando pequenas, além de se saírem melhor nos estudos, são obrigadas a ajudar suas mães nas tarefas domésticas, enquanto vêem seus irmãos irem ao futebol com seus pais.

Mais tarde saem de casa para disputar vagas no mercado de trabalho com os homens e, diante da necessidade de provarem ser tão capazes quanto eles, acabam sendo mais dedicadas e até melhores, muitas vezes com salários menores queos de seus colegas pelo desempenho das mesmas funções.

Quando namoram, queixam-se da insegurança do sexo oposto que muitas vezes não admite que suas companheiras tomem iniciativas na cama; ao se casarem, essas mulheres têm que ser ao mesmo tempo donas-de-casa, mães, profissionais e estarem prontas a cuidarem de seus maridos, os quais quando se dispõem a dividir tarefas mais atrapalham do que ajudam a aliviar esse fardo.

A vida a dois é cheia de percalços e observamos que muitas vezes casamentos são desfeitos e novas relações se constroem em bases mais iguais e cooperativas, o que sugere um aprendizado de parte a parte; mulheres com menos expectativas e mais limites colocados, de um lado, e, do outro, homens que perceberam não ter outra opção a não ser colaborar e fazer as coisas direito, ou porque não há quem o faça, ou porque alguém e a dinâmica doméstica acabarão sendo sacrificados. Parece que estamos passando por uma fase de transição.

Deus dá asas à minha cobra
Minha força não é bruta
Não sou freira nem sou puta (Pagu – Rita Lee / Zélia Duncan)


Essa transição, no entanto, não é fruto de uma postura comprometida com as lides feministas dos anos 60 e 70, mas sim da realidade. As mulheres que pesquisamos não são necessariamente modernas, algumas têm até posições bastante conservadoras em relação à criação dos filhos e liberdade das filhas.


As coisas estão mudando porque as circunstâncias estão exigindo essas mudanças; sucessivas crises econômicas obrigam a classe média a um controle de gastos que não permite mais uma empregada todo o tempo à disposição, maridos cansados lendo os jornais do dia vestindo pantufas e filhos ao redor esperando o jantar.

O conceito de família também está mudando e nossas pesquisadas vivenciam isso quando são responsáveis pelo sustento de pais idosos, cuja aposentadoria mal dá para as necessidades mais básicas; ou quando se vêem só com os filhos porque o marido “não segurou a onda”.

Há aquelas que se queixam mesmo de “falta de homens no mercado” e atribuem isso ao medo que muitos deles têm dessa nova mulher – guerreira, mas vítima das circunstâncias.


Elas têm plena consciência de que o mundo ainda é governado pelos homens, em detrimento de suas necessidades e apesar da certeza de serem melhores, ficando assim ainda mais indignadas com sua situação. <<<

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